Como projetos online são recebidos em um momento de crise da educação e exclusão escolar?
Reinventar a educação virou um desafio diário com a pandemia da Covid-19, que vem levando crianças e jovens a um cenário de exclusão escolar alarmante. Em novembro de 2020, segundo um relatório da Unicef, o número de alunos sem estudar bateu a marca de 5,1 milhões entre os brasileiros de 6 e 17 anos.
O problema atinge principalmente as populações mais pobres, de crianças que estão mais vulneráveis às exclusões devido ao seu contexto socioeconômico e cultural. Intervir pela retomada dos estudos dessas crianças e reduzir os impactos dessa crise será um trabalho árduo e vai depender de um grande esforço coletivo entre gestores, educadores e toda a sociedade.
Como organização que atua há anos com projetos sociais em escolas, a IMM também atravessou desafios para seguir com um projeto de educação mais humano nas escolas do Brasil. Em formato inédito adaptado a uma plataforma online, o Desafio Fotográfico foi a solução encontrada para despertar novos olhares de cada vez mais crianças e adolescentes. Até agora, mais de 250 alunos já foram beneficiados pelo projeto, resultando na produção de milhares de fotos.
Ele funciona assim: em uma plataforma online, o aluno recebe todo o conteúdo em forma de vídeos e apostilas, com os quais aprende técnicas fotográficas e recebe incentivos à reflexão sobre a realidade ao seu entorno. As atividades promovem o desenvolvimento do olhar com o tema “Uma mensagem para o futuro”, baseado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), lançados pela ONU.
Os alunos não apenas recebem conteúdos, como também são convidados a participar ativamente ao longo do curso. A cada aula, são desafiados a compor fotografias e legendas temáticas e, ao final, toda a produção é transformada em uma exposição que valoriza o trabalho feito pelos participantes.
Juvenil dos Santos, que é Secretário de Cultura e Turismo do Município de Arujá (SP), percebeu que a fotografia usada no processo de ensino desperta o interesse dos alunos e facilita a aprendizagem. “O projeto possibilitou a aprendizagem significativa, divertida, respeitando o repertório do aluno, possibilitando que este seja autor, protagonista na construção do seu conhecimento”, explicou Juvenil.
Para ele, além dos conteúdos previstos para cada ano escolar, as iniciativas socioculturais são também essenciais para garantir a formação integral dos estudantes, construindo autonomia, desenvolvendo competências e promovendo engajamento e integração.
Já Laércio Pereira da Silva, que é diretor da Escola da E.M.E.B. Prof. Lucy Aparecida Bertoncini, em Cajamar (SP), acredita que as atividades de fotografia promovem benefícios tanto aos alunos quanto para os professores: “resultados mais autênticos melhoram o ensino e a aprendizagem: os alunos ganham uma clareza maior a respeito de suas realidades e desafios, e os professores passam a acreditar que os resultados destas reflexões frente às realidades dos espaços sociais são tanto significativos como úteis para a melhoria do ensino”.