Além da Pele

NOSSO PROJETO

Há mais de 10 anos envolvido com o tema saúde, André François retrata como vivem os brasileiros que enfrentam a hanseníase e seu estigma. Eles são parte das mais de 30 mil pessoas que são diagnosticadas com a doença todos os ano no país.

O fotógrafo viajou o Brasil em busca de histórias que pudessem levantar uma discussão sobre o tema e mostrar os contrastes da doença. “Por mais incrível que possa parecer, esse turbilhão de sofrimento é justamente o que aflora a sensibilidade dessas pessoas”, conta.

A escolha do craft, um papel rústico, para a capa do livro assim como algumas páginas internas, se deu para refletir ao leitor a sensação de como é lidar com a hanseníase: a aspereza da doença, contrastando com a delicadeza das pessoas retratadas.

Solino Ferreira de Andrade (10/09/52), 61 anos, casado, 5 filhos, trabalhador rural, paciente de hanseníase em tratamento. Esposa: Douraci Lima de Andrade (25/08/52), 60 anos, casada, 5 filhos, dona de casa. Conhecemos Aldecir Pereira dos Santos, um dos 36 agentes de saúde do município, há 18 anos na profissão, que irá nos ajudar nos próximos dias. Explicamos o projeto para ele e já começamos a visitar alguns pacientes. Vamos até a casa de Solino Ferreira de Andrade, de 61 anos. Ele mora em uma terra a 10 km de Babaçulândia. Chegamos até a casa de Solino com as indicações de Aldecir. Solino já foi vereador de Babaçulândia, mas hoje se dedica ao trabalho em sua terra. Ele estava no campo, plantando mandioca. Nos recebe muito bem e continua fazendo seu trabalho para que André fotografe. Sua esposa, Douraci, é muito simpática e faz um café fresco para as visitas. O casal tem 5 filhos, sendo um deles adotado. A mais nova mora com eles. Solino está no sétimo mês fazendo o tratamento de hanseníase. Percebeu manchas no corpo há 3 anos. Fez o teste no posto de saúde de Babaçulândia, mas o resultado deu negativo. Como as manchas persistiram e ele começou a ter dores nas juntas, foi até o HDT, hospital de referência em Araguaína e saiu de lá com o diagnóstico da hanseníase. O casal também tem uma casa em Babaçulândia. A antiga casa da família foi desapropriada e comprada junto com outras casas da região no final de 2012 pela Ceste (Consórcio Estreito Energia) para a construção da usina hidrelétrica do Estreito (MA). http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/74583-nova-hidreletrica-afeta-vida-de-moradores.shtml Agradecemos Solino e Douraci pela hospitalidade e nos despedimos. Aldecir nos leva para a casa de um outro paciente, que não rendeu fotos. Combinamos com Aldecir um encontro amanhã para conhecer outros pacientes e seguimos de volta para Araguaína.
Solino Ferreira de Andrade (10/09/52), 61 anos, casado, 5 filhos, trabalhador rural, paciente de hanseníase em tratamento. Esposa: Douraci Lima de Andrade (25/08/52), 60 anos, casada, 5 filhos, dona de casa. Conhecemos Aldecir Pereira dos Santos, um dos 36 agentes de saúde do município, há 18 anos na profissão, que irá nos ajudar nos próximos dias. Explicamos o projeto para ele e já começamos a visitar alguns pacientes. Vamos até a casa de Solino Ferreira de Andrade, de 61 anos. Ele mora em uma terra a 10 km de Babaçulândia. Chegamos até a casa de Solino com as indicações de Aldecir. Solino já foi vereador de Babaçulândia, mas hoje se dedica ao trabalho em sua terra. Ele estava no campo, plantando mandioca. Nos recebe muito bem e continua fazendo seu trabalho para que André fotografe. Sua esposa, Douraci, é muito simpática e faz um café fresco para as visitas. O casal tem 5 filhos, sendo um deles adotado. A mais nova mora com eles. Solino está no sétimo mês fazendo o tratamento de hanseníase. Percebeu manchas no corpo há 3 anos. Fez o teste no posto de saúde de Babaçulândia, mas o resultado deu negativo. Como as manchas persistiram e ele começou a ter dores nas juntas, foi até o HDT, hospital de referência em Araguaína e saiu de lá com o diagnóstico da hanseníase. O casal também tem uma casa em Babaçulândia. A antiga casa da família foi desapropriada e comprada junto com outras casas da região no final de 2012 pela Ceste (Consórcio Estreito Energia) para a construção da usina hidrelétrica do Estreito (MA). http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/74583-nova-hidreletrica-afeta-vida-de-moradores.shtml Agradecemos Solino e Douraci pela hospitalidade e nos despedimos. Aldecir nos leva para a casa de um outro paciente, que não rendeu fotos. Combinamos com Aldecir um encontro amanhã para conhecer outros pacientes e seguimos de volta para Araguaína.
Jorge Luiz Alves da Silva (10/02/67), 47 anos, casado, 6 filhos, prestes a se aposentar, paciente de hanseníase que já fez tratamento e teve sequelas nos pés. Netos: Vinicius Batista da Silva e Iara Batista da Silva. Conhecemos, então Jorge Luiz Alves da Silva, de 47 anos e antigo paciente de hanseníase. Logo que chegamos e explicamos o que estávamos fazendo lá, seu Jorge se abre conosco e começa a chorar. Ficamos sem jeito, sem saber o que dizer… Ele nos mostra seu pé, que tem um machucado na sola, mostra seus dedos, que ficaram com sequelas da hanseníase. Além da hanseníase, que tratou há alguns anos, Jorge tem diabetes, o que complica seu quadro. Os pacientes de hanseníase perdem a sensibilidade nas mãos e pés, dependendo da gravidade de cada caso, o que dificulta que eles identifiquem uma ferida, ou queimadura, para tratar. Conversamos com Jorge, ouvimos sua história. Ele trabalhava com britadeiras em construções, mas hoje pede sua aposentadoria no INSS. Ele está triste, se sente sem utilidade. É uma situação triste. Vemos que sua casa tem várias gaiolas com passarinhos, que ele nos conta que pega para criar. Do lado de fora, enquanto André o fotografa, vemos um papagaio, Rafael, companheiro de Jorge. Ele conta que precisa tomar cuidado com o papagaio, pois ele pode machuca-lo sem perceber, pois perdeu a sensibilidade nas mãos devido à hanseníase. Nos despedimos da esposa de Jorge, seus netos e dele.
Jorge Luiz Alves da Silva (10/02/67), 47 anos, casado, 6 filhos, prestes a se aposentar, paciente de hanseníase que já fez tratamento e teve sequelas nos pés. Netos: Vinicius Batista da Silva e Iara Batista da Silva. Conhecemos, então Jorge Luiz Alves da Silva, de 47 anos e antigo paciente de hanseníase. Logo que chegamos e explicamos o que estávamos fazendo lá, seu Jorge se abre conosco e começa a chorar. Ficamos sem jeito, sem saber o que dizer… Ele nos mostra seu pé, que tem um machucado na sola, mostra seus dedos, que ficaram com sequelas da hanseníase. Além da hanseníase, que tratou há alguns anos, Jorge tem diabetes, o que complica seu quadro. Os pacientes de hanseníase perdem a sensibilidade nas mãos e pés, dependendo da gravidade de cada caso, o que dificulta que eles identifiquem uma ferida, ou queimadura, para tratar. Conversamos com Jorge, ouvimos sua história. Ele trabalhava com britadeiras em construções, mas hoje pede sua aposentadoria no INSS. Ele está triste, se sente sem utilidade. É uma situação triste. Vemos que sua casa tem várias gaiolas com passarinhos, que ele nos conta que pega para criar. Do lado de fora, enquanto André o fotografa, vemos um papagaio, Rafael, companheiro de Jorge. Ele conta que precisa tomar cuidado com o papagaio, pois ele pode machuca-lo sem perceber, pois perdeu a sensibilidade nas mãos devido à hanseníase. Nos despedimos da esposa de Jorge, seus netos e dele.
Francisco de Assis Costa Magalhães (02/05/35), 79 anos, viúvo, 7 filhos, trabalhador rural, paciente de hanseníase que já fez tratamento. Filho: Miguel Arcanjo da Silva (29/09/68), paciente de hanseníase que já fez tratamento. Filha: Margarida Francisca da Silva (06/12/73); filhas de Margarida: Tamires Silva Brandino de Godoi (23/03/2003) e Tainara Silva Gonçalves (02/08/2005), paciente de hanseníase que já fez tratamento. Rosa sugere irmos até a casa de uma família lá perto, onde vários membros tiveram hanseníase. Pegamos a estrada de terra e chegamos na terra de seu Francisco de Assis Costa Magalhães, mais conhecido como seu Chico. Ele e sua família nos recebem calorosamente. Seu Chico, estava com seus dois filhos, Miguel e Margarida, e suas duas netas, filhas de Margarida, Tainara e Tamires. Ele perdeu a esposa com hanseníase que não foi tratada. Na família, seu Chico, Miguel e Tainara, a neta mais nova, tiveram hanseníase e fizeram tratamento. André fotografa a família, especialmente Tamires e Tainara com a mãe, Margarida, que está em tratamento para depressão. Ficamos pouco tempo com a família e nos despedimos.
Lauany Vitória do Carmo da Conceição, 10 anos, solteira, estudante, paciente de hanseníase diagnosticada pela Carreta de Saúde. Mãe: Marciane do Carmo da Conceição (16/11/85), 28 anos, casada, 5 filhos (grávida do 5o. filho), dona de casa. Seguimos de carro agora para a casa de Lauany Vitória do Carmo da Conceição , 10 anos, a menina que teve o diagnóstico de hanseníase na carreta. Falamos com sua mãe, Marciane, e com suas tias. As crianças brincam enquanto conversamos. Lauany é tímida, mas fala com a gente. Conta que gosta de brincar de bola e de dançar. As tias falam que ela ganha todas as competições de pancadão da cidade, que a menina rebola até o chão! Lauany se encosta em um tronco de árvore enquanto André fotografa. Com o olhar sereno, ela não se intimida com a câmera. Agradecemos a recepção da família e combinamos de voltar amanhã para fazer uma foto da menina na escola. A mãe, grávida do quinto filho, concorda e agradece a visita. Nos despedimos de Baixinho e seguimos viagem de volta até Araguaína.
João Carlos Monteiro Alves, 38 anos, casado, sem filhos, trabalhador rural, paciente de hanseníase que já fez tratamento. Vamos, então, até o assentamento de terra que fica a cerca de 10 km de Babaçulândia. O caminho é uma estrada de terra com muitos buracos. Agora, não reclamaremos mais dos reles buracos das pistas de asfalto. Depois de uns 20 minutos andando pela estrada de terra e fazendo pequenas paradas para fotos da linda paisagem — às margens do lago, com árvores alagadas e ao pé das montanhas — avistamos algumas casas. Erramos algumas e finalmente chegamos até a casa dos parentes de João Carlos Monteiro Alves, de 38 anos e paciente de hanseníase que já fez o tratamento há 6 anos. Chegamos junto com a chuva de verão. Entramos na casa e conhecemos seus parentes, que são muito simpáticos. André logo se encanta por uma menina sentada na cadeira e a fotografa. Carlos, no entanto, é muito tímido e mal conversa com a gente. Vamos com ele até uma caieira de carvão, onde ele havia trabalhado alguma horas antes, tirando o carvão que ele deixara queimando de ontem para hoje. Carlos nos conta como é esse trabalho e seguimos até o lago, onde seu parente o espera para levarem a rede para pescar. André os fotografa momentos antes de saírem para a pesca e nos despedimos deles. No caminho de volta, conversamos bastante com Aldecir. Ele gosta muito da gente e do nosso trabalho. Demos nosso contato para que ele nos escreva. Chegando na cidade, nos despedimos dele e de Babaçulândia. Voltamos para Araguaína já tarde.
Raimunda Pereira de Sousa (11/09/62), 52 anos, casada, 3 filhos, 6 netos, dona de casa, paciente de hanseníase que já fez tratamento. Marido: Antônio Augusto de Sousa (07/09/58), 56 anos, vaqueiro, paciente de hanseníase que já fez tratamento (fim 2009/começo 2011). Falamos com Paulo, um agente de saúde de Jacilândia, que nos acompanhou até a casa de Raimunda. Entramos em sua casa e conhecemos sua família. A filha grávida estava no sofá fazendo crochê. Seu marido, Antônio, nos recebe com um sorriso. Passamos pelos cachorros e até pelo papagaio, que estava em cima de um pé de goiaba e sentamos no quintal para conversar. Raimunda Pereira de Sousa tem 52 anos e tem 3 filhos e 6 netos. Tinha manchas no corpo durante 3 a 4 anos e nunca pensou que pudesse ser a hanseníase. Foi só quando seu pé machucou e não sarava, que percebeu que era algo mais sério. Tinha pouca sensibilidade nos pés e mãos quando descobriu que tinha hanseníase, há 2 anos. Começou o tratamento, que durou um ano, e hoje já está curada. Seu marido, Antônio Augusto de Sousa, de 55 anos, também foi diagnosticado com a doença e fez o tratamento entre o final de 2009 até o começo de 2011. Saímos da casa de Raimunda e seguimos mais 30km até Araguanã para almoçar. Sandro, que nos acompanha, recomenda um restaurante da cidade. Comemos um peixe e batemos um papo enquanto descansávamos do sol quente do meio dia.