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Você sabe o que é empoderamento ou já se pegou refletindo se você é uma pessoa empoderada? Então, vem aqui que a gente te explica! 

Empoderamento é muito mais que uma prática individual! Por mais que, às vezes, seja interpretado apenas como criação e fortalecimento de autoestima, o termo começou a ser usado nos anos 1960 e 70 por diversos grupos estruturalmente oprimidos. O objetivo era que esses grupos pudessem ser protagonistas de suas próprias escolhas e vidas, para que, assim, pudessem identificar as opressões sofridas e decidir o que é melhor para o coletivo.  

Para bell hooks¹, empoderamento diz respeito às mudanças sociais que tenham uma perspectiva antirracista, anti-homofóbica, antielitista e antissexista. Mas para essas mudanças sociais acontecerem, o trabalho tem que começar pelo indivíduo, que, depois, promoverá ações que desenvolvam o grupo no qual faz parte. Paulo Freire², em “A Pedagogia do Oprimido”, fala da importância de conscientizar o sujeito sobre o local que ele ocupa no mundo, para assim ele se tornar politicamente consciente e ser livre para fazer suas escolhas.  

Ou seja, empoderamento isolado não existe, mas sem o indivíduo fortalecido, não há empoderamento coletivo. Para Djamila Ribeiro³, quando uma mulher empodera a si, ela terá condições de empoderar outras. E esse é o trabalho que a ONG ImageMagica (IMM) busca construir, mas não só com as mulheres! 

Mas afinal, como a IMM te ajuda a se empoderar na prática? 

A IMM promove oficinas culturais em diversas instituições públicas pelo país, atendendo grupos vulneráveis de diferentes faixas etárias e contextos. No programa PhotoPower, por exemplo, há ações que fortalecem a autoestima e incentivam o grupo a debater sobre seus sonhos e conquistas. Quando um grupo que tem obstáculos em comum conversa e propõe soluções e iniciativas, isso se torna empoderamento.  

E, com oficinas fotográficas, cada participante pode desenvolver seu olhar e criar arte e cultura com outras pessoas, fortalecendo vínculos e gerando uma troca de vivências e aprendizados. A fotografia ajuda o participante a estar atendo aos detalhes, aprimorando sua forma de ver a si e a seu entorno. 

Também trabalhamos com os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), da ONU. Com 17 metas globais, dentre elas erradicação da pobreza, sustentabilidade e igualdade de gênero, a ImageMagica busca discutir esses temas para que cada um seja a mudança que quer ver no mundo. Afinal, precisamos de ações, pois as metas não se realizarão sozinhas. Não é mesmo? 

Cultura como ferramenta 

A cultura brasileira é riquíssima e somos um país extremamente diverso. Desta forma, os projetos da ImageMagica visam despertar o potencial cultural em cada participante a partir de ferramentas, como a fotografia, que proporcionam momentos de reflexão, autoconhecimento, troca e empatia.  

A ImageMagica está em cidades pequenas e grandes, dos rios às estradas. No programa Photoboat, por exemplo, a produção imagética foi toda feita por comunidades indígenas e ribeirinhas do Rio Arapiuns (PA), e essas fotos viraram grandes exposições pelo Brasil adentro, difundindo ainda mais as perspectivas e a produção cultural do Norte do país. Aquelas pessoas existem e resistem, lutando por sua cultura e seus rios, honrando a memória de seus antepassados. Saber que você e seu grupo pode contar e lutar pela sua própria história é uma forma de se empoderar.  

Empoderamento no esporte e em espaços diversos 

No interior e nas grandes cidades, nas estradas ou nos rios; em todo lugar haverá pessoas que podem ser transformadas por projetos sociais. E pessoas buscando diferentes sonhos. 

Em um país que as mulheres ainda enfrentam desigualdade salarial, são sobrecarregadas com trabalhos domésticos (de acordo com o Tangerino, elas gastam 21,3 horas semanas em trabalhos relacionados à casa, enquanto os homens 10,9 horas), e segundo o IBGE apenas 41,8% das mulheres estão em cargo de chefia, é importante debater o porquê de isso acontecer e como mudar esse quadro. 

Mesmo no país do futebol, nota-se a pouca valorização das mulheres no esporte. A Copa Mundial Feminina, que ocorre desde 1991 e até agora só teve 9 edições, deixa evidente como é importante debater cultura e oportunidades em diversos espaços. Afinal, o esporte é também uma ferramenta de empoderamento.  

A jogadora Marta disse em uma coletiva de imprensa antes do jogo do Brasil e Jamaica da copa 2023, que quando ela começou a jogar ela não tinha um ídolo no futebol feminino: “Vocês não mostravam o jogo feminino. Como eu ia ver? Como eu ia entender que eu poderia chegar à Seleção, me tornar uma referência?”. Ela também comenta, emotiva, que hoje elas abriram portas para a igualdade. 

A representatividade é importante para inspirar novas gerações; quebrar estereótipos de que mulheres não podem ter ambições e não têm força ou resistência; diversificar ambientes que sempre foram pensados para homens e dar visibilidade para quem nunca teve.  

A missão da ONG ImageMagica reflete também nas quadras, levando cultura e incentivo ao esporte para todos, de forma democrática e coletiva. Pois empoderamento é sobre promover mudanças em uma sociedade cheia de tabus e preconceitos, e mostrar que há como buscar equidade e igualdade, que todos podem sonhar e tentar sair de qualquer amarra que tenham. É desafiar relações desiguais e buscar pelos direitos de classes oprimidas, e que essas classes sejam protagonistas de suas próprias histórias. 

¹ Nascida Gloria Watkins, bell hooks (escrito em minúsculas) foi uma escritora feminista estadunidense. Também foi professora e teórica antirracista. Seus trabalhos focam em interseccionalidade entre raça e gênero, com os livros: “O Feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras” (2015) e “Olhares Negros: Raça e Representação” (1992) sendo algumas de suas obras mais populares.

² Paulo Freire foi um educador e filósofo brasileiro. É considerado o Patrono da educação brasileira e foi extremamente importante para o movimento de pedagogia crítica no Brasil e no mundo. Freire é autor de muitas obras, entre elas: “Educação como prática da liberdade” (1967), “Pedagogia do oprimido” (1968) e “Pedagogia da esperança” (1992).

³ Djamila Ribeiro é uma escritora, filósofa e feminista negra que ficou conhecida por publicar seu trabalho na internet. Atualmente é colunista do jornal Folha de S. Paulo. É mestra em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo e publicou livros como: “Quem tem medo do feminismo negro?” (2018), “Lugar de fala” (2017) e “Pequeno manual antirracista” (2019).

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