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No período de quarentena do Covid -19, pacientes dos hospitais ficaram isolados e internados em uma ala restrita, tendo contato apenas com os profissionais de saúde que atuavam na linha de frente no combate ao vírus.

No intuito de evitar maiores infecções e disseminação, visitas não eram permitidas, o que aumentava a saudade e a preocupação dos pacientes, famílias e amigos. Parentes e internados ficavam desamparados pela situação, sem um último contato, uma última notícia ou um carinho. O boletim médico era o mínimo de informação possível a ser recebida, mas não supria a falta do contato.

Foi neste momento de necessidade na sociedade, durante o isolamento e distanciamento, que a ImageMagica passou a preencher estas lacunas levando as videochamadas para os pacientes dentro dos hospitais, com a parceria da médica geriatra e paliativista Dra. Ana Claudia Arantes.

“Após visitarmos alguns hospitais vimos de perto o quanto o isolamento do paciente é desolador e, ao mesmo tempo, angustiante para as famílias que não podem realizar visitas físicas. Foi aí que surgiu a ideia.”

(André François fotógrafo e fundador da ImageMagica)

As videochamadas eram a única forma de contato mais próximo entre um paciente isolado com seus familiares e amigos. Na época não haviam leis válidas sobre vídeo chamadas nos hospitais do Brasil, apenas em algumas cidades e, essa ação dependia totalmente de cada instituição de cuidado.

 

Toda essa ação e importância das videochamadas foi documentada no curta-metragem Humanidade, produzido pela IMM em parceria com a produtora NÓS e a diretora Ana Streva. Para assistir ao documentário, clique aqui. 

Instituição das vídeochamadas nos hospitais

Diante da carência de uma legislação federal sobre o contato virtual, no contexto de pandemia, a doutora Ana Claudia Arantes percorreu uma trajetória pessoal para sancionar um projeto de lei sobre o assunto, para todo o Brasil. Ana Claudia foi um grande fator para a instituição da Lei 14.198/21, que permite a videochamada entre os pacientes que estão impossibilitados de receber visita.

Inicialmente, a doutora expressou seu descontentamento ao se deparar com a notícia de proibição de visitas virtuais pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), em 2021, devido a impossibilidade de consentimento dos pacientes sedados e em coma para autorização das videochamadas.

A partir deste momento houve algumas trocas entre o Conselho e Ana Claudia, sendo a resolução de que a interação virtual poderia ocorrer caso o paciente ou o responsável indicado tivessem autorizado previamente.

Assim nasceu a campanha “Preciso te dizer que te amo”, pensada pela Dra. Ana Claudia Arantes, para que todos os pacientes tivessem a oportunidade de conexão, de melhora e de despedida com seus entes e amigos.

O familiar que tem a oportunidade de expressar a preocupação e o amor para quem está internado tem chance de ter processo de luto mais ameno. É algo tão básico, tão simples. E não é só para dizer adeus. Essa conexão ajuda na recuperação. Eu mesma presenciei a pressão de um paciente melhorar e a oxigenação aumentar quando ele reconheceu a voz de amigos”.

(Ana Claudia Arantes para Folha de SP)

Com a ajuda das deputadas federais, Luísa Canziani e Soraya Santos, de movimentar projetos parados sobre as videochamadas na Câmara dos deputados, e da advogada Franciane Campos, uma das cabeças do “Preciso dizer que te amo”, o projeto de lei chegou ao presidente da república, que, finalmente, sancionou a lei, em 2021.

O isolamento social e o distanciamento físico necessários para evitar a disseminação do vírus, durante a pandemia do Covid-19, deixaram as relações fragilizadas, mas as videochamadas resgataram um pouco deste contato e humanidade e se tornaram uma forma de conexão a ser utilizada pelas instituições sempre que necessário.

Leia também sobre como as videochamadas resgataram o contato e conexão entre aqueles isolados, aqui.

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